EGAESE

O milênio é desafiador, e estamos preparados?

Investir em energia renovável e no mercado de carbono, bem como em digitalização e economia circular, são ações que implicam diretamente nos negócios e acarretam benefícios de longo prazo, tanto para as metas climáticas, quanto para as receitas, colaborando para uma melhor gestão de ativos empresariais.

Uma das premissas do setor elétrico é inovar e expandir. Para isso, também ampliar a suas estruturas de forma cada vez mais sustentável. Construir um cenário no qual a energia venha majoritariamente de fontes limpas, reduzindo o impacto ambiental e mudanças climáticas está no topo da lista de prioridades, mas conquistar a tão almejada transição energética envolve mudanças estruturais dos governos e indústrias.

Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (I RENA), o mundo precisa investir cerca de US$ 131 trilhões até 2050 para alcançar as metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Parece muito? Grande parte dessa mobilização de recursos deve ser destinada à energia para projetos de infraestrutura, ampliação das fontes renováveis e inovação tecnológica.

Não de hoje, as elétricas já buscam formas de respeitarem e contribuírem para um mundo mais sustentável. O famoso ESG (Ambiental, Social e Governança, em português) é uma forma delas identificarem os impactos ambientais negativos em seus processos – tanto operacionais, quanto administrativos – e estabelecerem a melhor gestão para reduzir o impacto na atmosfera terrestre.

Grandes corporações, concessionárias de energia e outras indústrias como Ambev, Banco do Brasil, Magazine Luiza, Natura e Mercado Livre já investem em energia solar e eletromobilidade, por exemplo, mitigando os GEEs. Essa é uma forma renovável e infinita de contribuir diretamente para a preservação do meio ambiente, ao mesmo tempo que reduz custos ao longo prazo – mostrando consciência ética e gerindo um ecossistema empresarial saudável.

Outro ponto importante de oportunidade está na economia circular, conceito que propõe uma revolução nas cadeias de fornecimento, em que resíduos se tornam insumos para o desenvolvimento de novos produtos. Nesse quesito, o setor elétrico contribui de forma essencial, com projetos de energia eólica, solar e biomassa, e investimentos em tecnologias que resultem em maior eficiência dos processos industriais e na redução dos desperdícios, visto que transformar resíduos em energia, manufaturando-os, amplia os conceitos e possibilidades das companhias. O mercado de carbono, que é um sistema de compensação de emissões, também se mostra muito eficaz para a otimização das cadeias de fornecimento – empresas como Apple, Amazon e Boticário já participam dessa estratégia.

Logo, investir em energia renovável e no mercado de carbono, bem como em digitalização e economia circular, são ações que implicam diretamente nos negócios e acarretam benefícios de longo prazo, tanto para as metas climáticas, quanto para as receitas, colaborando para uma melhor gestão de ativos empresariais. Vale ressaltar que, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Economia do Brasil, passará a exigir que empresas nacionais apresentem, além dos resultados financeiros, seus indicadores de questões climáticas e ESG A resolução, que já existe na Europa, passa a valer no Brasil em 2023 e tende a influenciar diretamente os investidores a buscarem por companhias com diretrizes sustentáveis e sociais. Quem não estiver preparado, terá que rever a questão para sua própria sustentabilidade.

Energia é um pilar importantíssimo da economia brasileira; é vida, por isso, é comum o questionamento sobre o direcionamento do setor nos próximos anos. Analisando o cenário atual, uma coisa é fato: as indústrias seguirão para um caminho que o equilíbrio de custos, desempenho e riscos seja igual a sustentabilidade já – e claro, com gestão de ativos e transparência.

Marisa Zampolli é CEO da MM Soluções Integradas, engenheira elétrica e especialista em Gestão de Ativos.