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Como a tecnologia reformula a gestão de ativos elétricos de hoje

A tecnologia tem sido a impulsionadora da eficiência e da redução de custos nas cadeias de valor, seja na indústria ou em empresas de energia. Ela tem um impacto profundo na forma como os ativos são adquiridos, operados e mantidos. Analisando o contexto, as companhias que são capazes de assimilar as novidades da nova era terão (quando já não possuem) uma vantagem substancial comparada as que não têm.

Entender a dinâmica da mudança tecnológica nas rotinas das empresas requer a construção de um ambiente cultural favorável, o que às vezes não é fácil, pois falamos de companhias centenárias. Até poucos anos a gigante Itaipu era sinônimo de grandiosidade e modernidade, e hoje, aos 38 anos de operação, já expressa a necessidade de atualização de seus sistemas de controle e proteção das unidades geradoras; das susbestações; comportas; fiação e sistemas de medição e faturamento. Mas não é somente uma atualização que se faz necessária para os próximos 38 anos ou mais, é preciso preparar a binacional para ser um local moderno e competitivo. E para alcançar este patamar, tudo na organização deve estar alinhado: desde as melhores práticas de gestão até uma preparação para introduzir novas tecnologias que já fazem parte do dia a dia da rotina do setor elétrico.

Mas por que somos tão dependentes da tecnologia em Gestão de Ativos elétricos? Já ouviu aquela frase que a “energia é o que move o mundo”? ela tem sua razão. Cada ativo tem sua ponta de protagonismo quando há um sistema de potência e quando desmembramos suas etapas na forma clássica: geração, transmissão e distribuição. Pressupondo que a eficiência de uma companhia está diretamente ligada à sua capacidade de realizar valor por meio de seus ativos, a tecnologia pode ser o catalisador deste processo. Não somente softwares podem trazer maior produtividade, praticidade e eficiência para as organizações, mas também dispositivos e equipamentos com algum grau de inteligência artificial e conectividade. Esse é um investimento natural para os negócios que desejam ter resultados consistentes e maiores oportunidades no mercado.

Para as empresas de energia, o uso intensivo da tecnologia de ponta tem se mostrado essencial à prestação de serviço com margens de lucratividade cada vez mais restritas. Alguns exemplos são as aplicações de recursos para o acompanhamento remoto, com o uso de veículos aéreos não tripulados (VANTs) – drones, câmeras 3D embarcadas, análise de dados, realidade aumentada, digital twins, equipamentos de robótica subaquática – tanto autônomos como os AUVs quanto os operados à distância como os ROVs – e claro, o aprendizado de máquinas (machine learning).

Tecnologias como IA, alimentadas por big data e protegidas por blockchain, sem dúvida serão mais eficazes para tomar decisões e executá-las na gestão de ativos. No entanto, funções como elaborar uma estratégia de longo prazo, tomar decisões complexas e governar a tecnologia exigem a insubstituível contribuição humana.

O relatório “Uso de Novas Tecnologias Digitais para Medição de Consumo de Energia e Níveis de Eficiência Energética no Brasil”, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) mostra como o impacto dos novos ativos tecnológicos podem revolucionar o setor elétrico nacional. O documento relata que esses avanços contribuem para a descarbonização, cumprimento das metas sustentáveis e democratização dos recursos energéticos.

É inegável: a tecnologia se mostra cada vez mais necessária para a expansão dos negócios, afinal, reduzir os riscos das atividades operacionais, aprimorar a performance dos ativos e obter as análises inteligentes de informações permitem que o setor elétrico caminhe em consonância com as tendências, minimize falhas e cresça financeiramente. Não há motivos para não se lançar no mar da inovação.

Marisa Zampolli é CEO da MM Soluções Integradas, engenheira elétrica e especialista em Gestão de Ativos.