EGAESE

Apesar da evolução tecnológica, o setor elétrico é feito por pessoas e para pessoas

Para que a eficiência energética se torne uma realidade, o setor elétrico caminha cada vez mais para a digitalização a partir da inteligência de dados, tornando as intervenções mais preventivas. Essa ação visa facilitar medidas como aumentar a rede subterrânea, captação de imagens em alta resolução por drones, instalação de multi-sensores, compartilhamento e monitoramento de dados em tempo real entre os diferentes sistemas e muito mais.

Segundo o World Economic Forum, a transformação digital tem o potencial de agregar US$ 1,3 trilhão em valor para o setor de eletricidade até 2025, entretanto, isso depende de como a área irá agregar os recursos e tecnologias em seus projetos de expansão.

Os sistemas têm se tornado cada vez mais eficientes e dinâmicos, possibilitando a coleta e compartilhamento de informações de forma rápida e eficaz. Uma das maiores inovações dos últimos anos é o digital twin – que cria representações virtuais das companhias, integrando os sistemas, auxiliando nas tomadas de decisões e proporcionando mais precisão nas redes elétricas. Além disso, com a inteligência artificial (IA) já é possível integrar mapas, imagens, modelos 3D e dados coletados de todos os dispositivos, possibilitando simulações nos sistemas e gerenciando os ativos da melhor forma possível. A Internet das Coisas (IoT) também tem um importante papel nessa transformação, unificando máquinas e sistemas por redes sem fios e otimizando os processos internos. E ainda o metaverso promete novas soluções e novos negócios.

Em meio a tudo isso, uma pergunta fica no ar: com o avanço das tecnologias, quais serão os desafios e oportunidades para engenheiros elétricos no futuro? Um estudo publicado pelo MyKinsey Global Institute, “A future that works: automation, employment, and productivity”, mostra que cerca de 5% das funções realizadas atualmente tendem a ser eliminadas, enquanto 60% terão uma parte de suas tarefas automatizadas. Assim, os cargos não irão “desaparecer”, mas passarão por adaptações, como já aconteceu no passado.

Um engenheiro elétrico é capaz de buscar soluções que vão muito além de seus cinco sentidos, e onde o “machine learning” ainda não alcança nem conta com parâmetros suficientes para interpretar os problemas, senti-los, intuí-los e agir rapidamente. Sua capacidade de pensar e criar ainda não são superadas pelas máquinas.

É possível que as “profissões do futuro” sejam geridas por quatro pilares: comunicação, pensamento, sociabilidade e habilidades físico-cognitivas. Isso porque, embora robôs e IA tenham essas características, não são capazes de executá-las com perfeição, apresentando dificuldades com nuances linguísticos, criatividade, improviso, imaginação, reconhecimento de emoções, identificação de objetos desconhecidos, entre outros.

Nesse momento, não é possível dizer com exatidão qual será o impacto das máquinas no mercado de trabalho, mas sabemos que será diferente do que conhecemos hoje.

Mesmo assim, é provável que as tecnologias melhorem o desenvolvimento dos humanos, automatizando certas partes da tarefa e possibilitando que as pessoas foquem em habilidades de criação e empatia.

Se tratando do setor elétrico, o propósito é que no futuro possamos usufruir dos benefícios de redes inteligentes, com bons planejamentos para redução de custos e gestão integral do sistema, bem como das redes multidirecionais. Isso não quer dizer que a inteligência humana será substituída, mas sim, aprimorada.

Não haverá guerra ou competição entre humanos e máquinas, mas sim, indivíduos e tecnologias trabalhando e evoluindo juntos.

Afinal, o setor elétrico é constituído por pessoas e para pessoas.

Marisa Zampolli é CEO da MM Soluções Integradas, engenheira elétrica e especialista em Gestão de Ativos.