A transição energética requer decisões de valor e gestão de ativos
A transição energética propõe uma transformação na forma de produção e consumo de energia. O objetivo é substituir o uso de fontes limitadas e ambientalmente prejudiciais para o futuro do planeta, pelas de bases renováveis como solar e eólica. O tema caracteriza uma mudança significativa na maneira como a energia é gerada, gerenciada, distribuída e usada — no presente e no futuro. Não obstante, representa um impacto profundo na regulamentação de concessionárias e na gestão de ativos da indústria elétrica. No Brasil, estamos passando por um período complicado de secas, o que resulta no baixo nível de água nos reservatórios. Em meio a essas demandas, as empresas precisam encontrar as melhores maneiras de gerir os negócios a longo prazo e encontrar saídas.
Recentemente, a NASA divulgou imagens captadas pelo satélite Landsat 8 que demonstram a pior seca do século no Brasil. O Globo Reservoir and Lake Monitor — que monitora a variação na altura da água de superfícies — informou que cinco reservatórios do país já registraram níveis de água dois metros abaixo da média para o período. Esses fatos impactam diretamente as indústrias, os cidadãos e outros seguimentos como a agricultura e até a navegação, mais um motivo pelo qual o investimento em fontes renováveis é cada vez mais urgente. Tecnologias e inovações são excelentes aliadas, junto as instalações e equipamentos que não necessitam de reabastecimento constante, como os modelos de geradores com maiores capacidades – inclusive, geradores a gás têm sido vistos como uma entre várias alternativas e opção para que o setor e o país não fiquem reféns de um único modelo. Recentemente, a Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou o Programa Zero Líquido até 2050, um roteiro para o sistema de eletricidade global que prevê caminhos detalhados e de baixo custo para reduzir as emissões de carbono e gases do efeito estufa (GEE). Com mudanças ocorrendo de forma acelerada no setor energético, as organizações precisam transformar seus processos de planejamento e de gestão de ativos para vencer as adversidades, enxergar oportunidades de investimentos, desenvolver formas de avaliar as opções e compreender como tudo contribui para os negócios a médio e longo prazo, além de utilizar técnicas sofisticadas e tecnologias de aprimoramento. A construção e desenvolvimento de parques eólicos passou a ser vista como essencial, o que aumenta a complexidade de planejamento e exige formas de otimizar os serviços, preços e atualizações às metas regulatórias de sistemas sociais e ambientais.
Tomar uma decisão baseada em valor e reputação requer cuidado a estratégia, implementação de projetos e ambientes internos/externos. Observar esses seguimentos pode trazer mais clareza, transparência e confiança nas resoluções. Lembrando que todas as aplicações necessitam de análises individuais, ou seja, a otimização e variação do portfólio é essencial. Tendo isso em mente, as adaptações podem ser realizadas de forma prática. É importante considerar as possíveis mudanças; elas são inevitáveis. Logo, a estruturação de qualquer projeto é essencial para que os ajustes sejam feitos de forma consciente e eficaz.
Usando como exemplo a National Grid – multinacional de energia e gás operando em Londres (Inglaterra) e Nova York (Estados Unidos), — eles buscaram aprimorar as decisões referentes à infraestrutura de distribuição e, para tal, entraram em contato com especialistas, de modo a melhorar o planejamento de ativos e o gerenciamento de portfólio e projeto. Com essa ação, a companhia conseguiu formular estratégias simplificadas e eficazes de gestão. O primeiro passo foi alcançar o padrão da ISO 55001 de gestão de ativos. Em seguida, a empresa buscou um novo sistema de suporte integrado aos dados, que proporcionou uma visão clara dos melhores investimentos. Para essa implementação, foi necessário integrar as informações em grande escala, construir relatórios especializados e lidar com cerca de 250 medidas de riscos de ativos, o que só foi possível com a metodologia ágil – com foco em adaptações –, que favoreceu a entrega final de modo rápido. O resultado foi a redução de 4% nas despesas de capital, o equivalente a 11 milhões de euros por ano. E mais, com a capacidade de tomar decisões baseadas em valor, a National Grid conquistou melhorias no gerenciamento de riscos, na produtividade dos funcionários, no planejamento de portfólio, na racionalização do sistema e na agilidade. Não há dúvidas: buscar maneiras de gerenciar os ativos, investir de forma consciente e estar apto para mudanças, é essencial no sucesso a longo prazo.
Nos últimos anos, o setor elétrico passou por inúmeras alterações. A assinatura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — que propõem 17 metas globais que visam um futuro sustentável para a nação e o acesso universal a matriz energética limpa
— e o Acordo de Paris — regendo medidas de redução da temperatura terrestre — são alguns exemplos. Sabemos que mais mudanças estão a caminho. O avanço do gás natural, das energias renováveis e a rejeição ao consumo do carvão marcarão o processo de descarbonização, até 2040. E mais, em um futuro bem próximo, usinas solares e eólicas atenderão às necessidades dos consumidores gerais, com mais vida para o nosso planeta.
E a sua empresa, como irá se preparar para isso?